Maria Mulambo das Sete Catacumbas

A História

Em tempos antigos, todos sabemos que a mulher não ocupava espaço em nenhum cargo político ou bem remunerado, elas só serviam para satisfazer seus maridos e criar filhos, cuidando do lar.

Houve uma mulher que com a paixão de seu marido, foi colocada a ocupar um cargo parecido com a de uma "governadora", ela obteve a admiração de todos de sua cidade. Pessoas vinham a ela reclamar de suas misérias, e como a política não poderia ajudar, ela tirava um de seus pertences com pena de cada criatura, e lhes dava, para que pudessem ter uma boa alimentação, pelo menos durante os próximos meses. E assim ela governava, quando não podia ajudar na forma da lei, ela ajuda doando ouro ou suas jóias, pois era muita rica. Seu marido faleceu e lhe deixou um filho homem. Então veio o segundo marido, que as vezes a tratava com violência. Sua riqueza aumentava, assim como a admiração de seu povo, e eles a chamavam de "Rainha Divina, a Deusa Encantada". Assim foram durante seus relacionamentos. Ela se casava, engravidava e ficava viúva. O que ela não sabia é que havia nascido predestinada a cuidar daquele povo e criar e educar cada filho seu, amar acima de tudo seu povo e seus filhos. Mas ela olhando para seu filho mais velho, lhe disse: eu quero minha liberdade! Cuide de tudo que temos, eu quero ser mulher, viver minha vida. E assim, antes do amanhecer ela se foi, deixando para trás sua cidade, seu ouro, seu povo, seus filhos e sua pureza.

A cada cidade que chegava, com a ânsia de liberdade e de prazer, ela procurava lugares que haviam homens, cabarés. E assim foi. Ficava em casa de prostituição vendendo seu corpo, e quando as pessoas a procuravam, ela já havia saído, indo para outra cidade. E chegando na outra cidade era a mesma coisa, e assim passaram os anos, ela se prostituindo e quando as pessoas se acostumavam com sua presença, ela ia embora sem avisar ninguém. E se passaram mais longos anos, sua beleza foi se perdendo, ela ainda vendia seu corpo, mas agora por qualquer coisa. Não tinha dinheiro, nem refeição, então agora já entregava seu corpo por necessidade. Já não tinha mais roupas, andava como mulambo, com roupas rasgadas, morava na rua, andando sozinha. Então houve uma chuva, uma chuva muito forte que ficou dias e dias caindo, e ela andava na chuva, andou bastante até adoecer. Teve febre, contraiu tuberculose, tossia sangue, tinha hemorragias e assim sozinha se deitou no caminho e desencarnou.

Quando amanheceu, passou por aquele caminho uma carruagem, e um homem olhou para o corpo e achou que conhecia o rosto daquela mulher. Reconheceu, pois era um de seus súditos mais fiéis. Ele recolheu o corpo dela e o levou para sua cidade natal. Quando chegou, todo povo queria se despedir dela, foram três dias e três noites de velório. Seu filho mais velho havia gastado toda sua riqueza, o povo sofria e passava fome. E lamentavam a sua partida, a sua morte. O povo então quis que o servo que a recolheu os representa-se no reino. E a partir do dia em que ela retornou a seu reino, mesmo morta, as plantações voltaram a crescer, os alimentos voltaram, a cidade cresceu e prosperou novamente e todos disseram que foi porque sua Rainha voltou para seu povo.

Características:

Dona Maria Mulambo das Sete Catacumbas é uma moça enérgica, conselheira, amiga e de uma grande força espiritual. Trabalha no Cemitério, juntamente com o Sr. Sete Catacumbas e o sr. Exu Caveira. Uma de suas funções é proteger os cadáveres para que nenhum Kiumba ou pessoas tentem profanar os corpos.

Dama que adora o preto, sabe apreciar o que é bom, não dispensa uma boa bebida, cigarros e até cigarrilhas. Guardiã que sempre foi como uma mãe para aqueles que precisam, que sempre defende os seus da falsidade, que preza a verdade, doa a quem doer.

Pombo gira Maria Mulambo das Sete Catacumbas, é uma guardiã que trabalha nos caminhos escuros, nos mulambos espirituais que cada um de nós carregamos e não queremos desgrudar. São esses mulambos a ambição desmedida, os vícios, o orgulho, a vaidade, a mentira, a hipocrisia, o preconceito, entre tantos outros lixos que compõem a cada um de nós, encarnados e desencarnados. Ela junto com outros Exus e Pombo giras, trabalham limpando de forma incansável estes sentimentos e negatividades.

Moça que conheceu a nobreza e a pobreza, que conheceu o que é viver no luxo e sem ele. Estas experiências de vida em várias encarnações trouxe para esta Senhora, a sabedoria de trabalhar com o luxo e o lixo de cada um de nós. Direta ao falar, não gosta de rodeios, "brava" com os Obsessores e Kiumbas, fazendo ser respeitada pelo trabalho que exerce no mundo espiritual.

Por trabalhar com energias densas, descarregando, encaminhando e doutrinando espíritos, utiliza-se também de magias mais densas, por isso geralmente ela gosta de trabalhar com tuia(fogo de pólvora).

É uma pombo gira que tem o conhecimento de magias antigas, de bruxarias praticadas por mulheres da idade média. Defensora de todas as mulheres e de todos aqueles excluídos e oprimidos. É um espírito sábio, mas como todo Exu, em evolução. Esta evolução depende de seus trabalhos juntamente com os médiuns que a incorporam. Por tanto ela não é má, e nem é Egún de lixo, nada disso. Ela é uma guardiã, uma defensora mágica. Maus são os que não pedem coisas boas a ela. Mas uma coisa é fato... quem se utiliza de dona Maria mulambo para trabalhos negativos, é cobrado nesta vida mesmo, pois Exu sabe o que é bom e o que não é. Exu não se vende por presentes... E com certeza esta guardiã quer caminhar, quer nos ensinar, quer nos fazer caminhar juntamente com ela para planos superiores de maior compreensão entre os espíritos.

Utilizo essa postagem para homenagear a essa linda senhora que a anos tenho o prazer de ser minha amiga, guardiã e protetora. Obrigado minha senhora pela sua paciência e dedicação, por todos esses anos de aprendizagem e companheirismo.

Salve dona Maria Mulambo das Sete Catacumbas!

Laroyê!